terça-feira, 22 de novembro de 2011

Para refletir...



Quando se redescobre o passado, vive-se em paz o presente e projeta-se o futuro com mais esperança!!!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

É doce fazer aniversário...




Trecho de Mar Português de Fernando Pessoa

(...)
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador,
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Redescobrindo a primavera

Trabalho da disciplina PRÁTICAS SONORAS DA ARTE, envolvendo os conceitos de Busca de imagens sensoriais!
Contribuição: Annya - 9 anos e Yago - 5 anos


terça-feira, 20 de setembro de 2011

ENSAIO: Os processos coletivos de sensibilização musical como estratégia para a implementação da Lei Federal 11.769/08

A obrigatoriedade da inclusão dos conteúdos da música nos currículos escolares em todo o território nacional, definida através da Lei Federal 11.769/08, com prazo de três anos para a implementação desta, tem gerado um intenso debate em todo o cenário musical e educacional, fazendo com que todos os envolvidos nessas áreas voltem sua atenção para discutir como, quando, por quem, em quais condições a música será desenvolvida nas escolas.
Muitos de nós somos remanescentes de práticas educacionais musicais extremamente tradicionais, em que a prática da execução perfeita prevalecia sobre as atividades de apreciação, improvisação, recriação da música. Fomos submetidos, alguns ainda na infância, a aulas sisudas, à obrigatoriedade da leitura e escrita da notação formal, a imitação desprovida de qualquer sentido, e pior: a um repertório considerado como erudito, culturalmente aceito e distante das nossas raízes e experiências musicais. Os que conseguiram seguir na música, apesar dos métodos aprioristas, que em sua essência já apresentam um processo seletivo, pouco vivenciaram experiências musicais mais democráticas e tem um longo caminho a percorrer com seus alunos para que os mesmos possam se musicalizar e construir progressivamente e cada vez de forma mais complexa e autônoma a sua musicalidade.
Ao longo da infância e juventude, vivenciei simultaneamente, dois processos de educação musical: estudei piano em conservatório durante cinco longos e exaustivos anos, ao mesmo tempo em que tocava lira a escaleta na banda da escola, onde o maestro substituía a notação formal por números, facilitando a aprendizagem. Além disso, tocava órgão na missa todos os domingos “de ouvido”. A experiência vivida em grupo, na banda, me apresenta uma certeza: aprender música coletivamente, além de prazeroso e alegre, é mais rápido e eficaz.
Entendo que é desta maneira que a legislação sinaliza para a aprendizagem musical nas escolas: em grupos.
Apoiados nas idéias de Keith Swanwich de que a música é um discurso; que o professor de música não pode ser um treinador ou instrutor, precisa partir da ação e não do fragmento; que é preciso considerar o discurso musical dos alunos; e que a fluência musical deve anteceder a leitura e a escrita musical, as oficinas de sensibilização musical se apresentam como a possibilidade mais concreta para a implementação da Lei, e o primeiro passo para que ocorra é sensibilizar musicalmente os professores, porque ninguém vai conseguir desenvolver conteúdos de educação musical sem antes vivenciar a música através de seus sentidos. Esta constatação pode referir-se a professores generalistas, como também a músicos instrumentistas que aprenderam música de maneira tradicional.
Inseridos em uma perspectiva sociointeracionista de aprendizagem, os processos coletivos de sensibilização musical devem levar os indivíduos a agir e compreender significativamente elementos sonoros/musicais, primeiramente de forma intuitiva, vivenciando os parâmetros sonoros, e somente mais tarde buscando a compreensão da notação musical tradicional. As oficinas de música devem constituir-se possibilidade dialético-didática de dinamizar o processo ensino-aprendizagem, um espaço que propicie a exploração da criatividade e a trocas práticas e reflexivas, pautadas pela socialização dos conhecimentos entre seus integrantes, ainda que estes tenham experiências diversas e em níveis diferentes em música.
Fazer música é pré-requisito para compreender música, por isso, as oficinas de música devem propiciar jogos, brincadeiras, discussão, leitura e reflexão das atividades e da presença da música na educação. Por isso, três macro ações são indispensáveis: a Apreciação Musical (escuta, reflexão, interpretação e identificação dos sons), a Recriação Musical, (execução expressiva, interpretativa e criativa de obras musicais) e Criação Musical (composição e improvisação musical).
Na iminência da aplicação da Lei que torna obrigatório o ensino da música na educação básica, inúmeros sistemas de ensino, mantenedoras e estabelecimentos escolares estão se mobilizando para oferecer, primeiramente aos seus educadores, a possibilidade de vivenciar experiências musicais. Cabe aqui citar que a Lei 9394/96 – que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, prevê como formação mínima para o exercício do Magistério, a licenciatura em Pedagogia e ao professor generalista, que atua na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, cabe também desenvolver a música em sala de aula.
Embasados em algumas das premissas citadas anteriormente, realizamos na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Bina, na qual atuo como supervisora escolar e regente do Coral, uma primeira oficina de musicalização com o grupo de professores. Reunimos educadores musicais que atuam no projeto Mais Educação na Escola e elaboramos essa atividade em grupo na seguinte ordem:

1. Conhecimento da legislação e da história da Música
2. Dinâmica de cantar o nome e ser repetido em grupo
3. Distribuição de uma letra de música desconhecida para que cada grupo musicasse (Baião de ninar)
4. Apresentação da melodia original, canto e ostinato da mesma
5. Dinâmica que envolve silêncio e som
6. Exploração de instrumentos musicais

A realização desta oficina permitiu-nos a comprovação de algumas certezas, já aferidas por estudiosos e pesquisadores da área, entre elas a constatação de que a musicalização flui de forma mais ampla e criativa quando os indivíduos estão em grupo, pois apóiam-se uns nos outros em suas descobertas e iniciativas. Da mesma forma, estando em grupo e, principalmente agindo sobre elementos sonoros, colocam-se em atitude de pesquisadores e sublimam muitos dos preconceitos enraizados sobre música, do tipo: Eu não seu cantar! ou Sou desafinado”, ou ainda: Não dou para música!
Muito ainda é necessário investir em espaços de musicalização coletiva. E muito há que se buscar capacitação e formação continuada para educadores de todas as éreas do conhecimento em relação à música. Se a legislação aponta para seu desenvolvimento obrigatório, mais que isso, é necessário que ocorra a partir daquilo que é significativo para os sujeitos e, que vá, progressivamente, ampliando para novas informações.


Referências

KEBACH & DUARTE, Patrícia e Rosângela. Oficinas Pedagógicas Musicais: Espaço Construtivista Privilegiado de Formação Continuada. Revista Schème, V.1, nº 2, jul-dez, 2008.
KEBACH, Patrícia. Processos coletivos de Musicalização: Construções que vão além das estruturas sobre os sons. Revista Colóquio, V.4, nº1, jan-jun, 2006.
KEBACH, Patrícia. Aprendizagem Musical de Adultos em Ambiente Coletivos. Revista da ABEM, V. 22, set,2009.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e Cristina Tourinho – São Paulo: Moderna, 2003.